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26 de Abril de 2024

Quais implicações trazem a PEC 241?

Entenda a principal aposta do governo Temer para balancear as contas públicas

há 8 anos

Quais implicaes trazem a PEC 241

A proposta de emenda constitucional de número 241 vem dividindo a opinião pública, cujas discussões se atrelam à necessidade de combater o déficit das contas públicas e a possibilidade de a limitação orçamentária piorar a prestação de funções e serviços públicos essenciais, sobretudo para a classe menos abastada.

Produto da existência de um poder constituinte derivado - aquele capaz de alterar o texto constitucional – propõe-se, por meio do projeto, proceder à vinculação dos gastos do governo federal a um determinado teto orçamentário.

Isto é, por meio da medida governista, deixaria de haver uma estimativa orçamentária anual, levando-se em conta a atividade financeira do Estado, para se fixarem os gastos públicos tendo por base sempre o orçamento do ano anterior.

Destarte, o atual governo vê na estipulação de um teto de gastos a saída para o reequilíbrio das contas públicas. Ao passo que a proposta reside na tentativa de frear o crescimento dos gastos, tendo-se em vista que o montante previsto na Lei Orçamentária Anual (LOA) a cada ano se torna mais “gordo” diante das necessidades da máquina estatal relativas ao seu próprio sustento, bem como a prestação de serviços e funções públicas.

Henrique Meirelles, ministro da Fazenda, e sua equipe econômica entendem que a alteração constitucional se faz necessária, uma vez que a arrecadação estatal não acompanha a crescente anual dos gastos públicos.

Deste modo, em vez de buscar medidas de aumentar receitas, como pelo aumento de impostos, o Governo decidiu atacar os gastos.

Neste panorama, a princípio, a ideia é estabelecer um limite para as despesas tendo por base sempre o orçamento do ano anterior. Logo, o orçamento do ano seguinte seria o montante gasto no ano pretérito corrigido pela inflação.

Como a correção pela inflação tem o condão apenas de manter o poder de compra do dinheiro, tratar-se-ia de um congelamento orçamentário, no qual o ente federativo teria todo ano o mesmo "poder aquisitivo" e deveria em sua atividade financeira decidir onde alocar os recursos pré-determinados.

Ademais, o texto atual da PEC também prevê que o reajuste do salário mínimo oficial se limite à variação inflacionária, de modo a cessar a regra vigente atualmente na qual se possibilitava o aumento real: o assalariado de fato gozava de um aumento e não apenas da manutenção de seu poder de compra, uma vez que o aumento se dava acima dos níveis inflacionários.

Caso a PEC seja aprovada, passando a integrar o corpo constitucional, sua vigência se dará a partir de 2017, exceto para as áreas da saúde e educação, as quais apenas se vinculariam à medida

em 2019. As disposições do projeto de emenda constitucional têm previsão para vigorar por 20 anos, podendo, todavia, serem revisadas passados os primeiros 10 anos.

Muito embora, a mudança seja uma tentativa de gestão responsável e eficaz de gastos públicos, os críticos alertam que a PEC não se preocupou - como deveria - com um dos principais passivos do governo: a previdência social. Os gastos com esta consistem em montante substancial daqueles tidos como obrigatórios.

As despesas da Previdência crescem a galopes e tão somente a correção pela inflação não é suficiente para honrá-las.

Desse modo, na visão dos críticos, os recursos destinados a outras áreas seriam deslocados para suprir a Previdência, como da saúde e da educação, fragilizando mais ainda setores essenciais que na atual conjuntura já vêm deixando a desejar.

Haveria, em tal raciocínio, evidente prejuízo quanto ao alcance e qualidade dos serviços e funções públicas, na medida em que a limitação dos gastos levaria ao sucateamento da saúde e educação, cujas despesas histórica e naturalmente crescem acima da inflação.

Quanto a isso, o Governo, por seu turno, afirma que nessas áreas (saúde e educação) não haveria corte de gastos, pois a preocupação consiste na qualidade do gasto, em se obter eficiência na gestão dos recursos.

Outra crítica ventilada tange o lapso temporal proposto pela medida: para alguns, 10 anos é um prazo demasiadamente longo para vincular os gastos públicos, de modo a ter que manter o teto de gastos congelado ainda que a economia melhore. O que não haveria sentido.

Além disso, em termos de constitucionalidade, a Procuradoria Geral de República, órgão máximo do Ministério Público Federal, já opinou pela inconstitucionalidade da medida, uma vez que haveria ofensa à forma federativa de estado, por arranhar a autonomia e independência dos poderes. Na visão da Procuradoria, a PEC não poderia transcender a seara do Executivo, alcançando os demais poderes e instituições constitucionais.

O atual Governo se encontra em um imbróglio em que deve conjugar a gestão e responsabilidade econômica e fiscal com a reserva do possível e a proibição do retrocesso.

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Artigo lúcido e imparcial. continuar lendo

Colocar pessoas em programa social SEM uma porta de saída é gasto e não investimento. São pessoas que sempre irão depender do Estado, logo, dos impostos.

Colocar dinheiro, concluir com sucesso e entregar à iniciativa privada as rodovias e energias é investimento. Entra dinheiro para o caixa na forma de impostos diretos e geração de empregos. Isto NÃO torna dependentes do Estado.

A PEC não é salvação, apenas um norte. O PT gastou muito mais do que arrecadou, mas pior do que isto, gastou mal o dinheiro. Não é problema gastar mais, a questão é como o dinheiro é gasto.

Fato 1: o governo NÃO tem dinheiro, arrecada na forma de impostos do cidadão. Se vão às ruas pedindo serviços de graça, fatalmente o Estado terá de cobrar MAIS impostos para oferecer algo 'de graça'.

Fato 2: Se gastar MAIS do que arrecadar em impostos, o governo terá de pedir emprestado e pagar juros. Logo, terá de cobrar MAIS impostos.

Fato 3: Dinheiro não dá em árvore. Governo não produz, administra e geralmente muito mal o dinheiro de quem realmente trabalha. continuar lendo

Enquanto a população cresce em progressão geométrica, as verbas da saúde e da educação são corrigidas pela inflação a cada ano, sem qualquer investimento complementar, por 20 anos.

É verdadeiramente uma PEC do absurdo, que só pode ter sido proposta por quem foi, com o fito de alegrar o andar de cima e os brothers, em detrimento do sofrido povo pobre.

Ora, como pode um presidente detentor de um mandato tampão de dois anos, às portas da morte por força dos seus 75 anos, propor algo que afetará por 20 anos os futuros governos e gerações?

Não pode. Assim dizem os brasileiros! continuar lendo

Enquanto isso estão vendendo a PETROBRAS que lucra mais de 25 bilhões de reais por ano, sem o présal. O présal, que era a cereja do bolo para tirar o Brasil da crise, está sendo entregue a preço de banana e, as riquezas tiradas de nosso povo. continuar lendo

O que tira um país da crise é trabalho no setor privado e não no público. continuar lendo